Pode acreditar que meia dúzia de pessoas controla o planeta Terra.
Meia dúzia de banqueiros, meia dúzia de indústrias, meia dúzia de bandidos com colarinho impecável. Os políticos, dos mais aos menos importantes, são apenas seus empregadinhos domésticos e o resto, somos simples escravos em serviço.
Para nós, pão e circo, como sempre. Acabei de ter meu cirquinho, fui viajar pela Europa em férias; no resto do ano, pão e impostos. Nada altera se você é um pobre zé mané como eu, ou se você tem uma empresa que vale alguns milhões, mesmo alguns bilhões; continuamos sem poder algum: trabalhamos, passeamos, comemos, dormimos, gastamos e compramos, na patética crença de que temos algum controle sobre nossas ações e decisões.
Você pode voar de primeira classe ou de econômica, você vai chegar sempre no mesmo lugar: nos humanos. Um ou outro maluco querendo dominar o planeta, uma turma girando o mundo para fabricar e vender armas, precisando das guerras e das mortes para sobreviver; um grupinho de bancos que, há milênios, sobrevive de espoliar o suor e as lágrimas dos comuns; políticos enfeitados, geralmente corruptos, reles bobos da corte, elaborando manobras para cobrar mais impostos, para entregar aos nossos senhores.
Como é possível que há milênios isso se sustente, apenas com alterações de fachada, com a roupagem florida de cada época?
Muito pouco direciona os humanos. No século XX, Freud sabia, com Eros e Thanatos, que poder e sexo dominam a cena. Nietzsche e Marx alertaram que para descortinar o encoberto, basta solicitar as entrelinhas. O século XXI, que apenas começou, será da internet e de mais o quê?
Para estipular o que vem pela frente, apenas considere-se como é a manipulação atual, com mídia a serviço do poder, por mais que ela, ingênua, ou esperta, se considere fora das evidências.
Os humanos, não escapamos do básico: ódio, medo, inveja, ciúme, orgulho, vaidade, impulsionam para o tédio, a solidão, a gula, a luxúria, que transportam a dor, a humilhação, o luto, a vingança. Para sustentar a tristeza, a alegria, a ansiedade, a culpa e a gratidão, contamos com a compaixão, o tesão, a vergonha e a honra.
Rico, poderoso, pobre, escravo, com mais ou menos fé e coragem, somos todos iguais nesta noite: apenas humanos, demasiadamente humanos.
Tanto se fala dos dilemas atuais, tanto blá blá líquido ou sólido que se desmancha no ar; reles mortal, sempre foi assim, basta piscar um olho em direção à nossa História!
Por fim, as palavras da moda; amor e esperança. Nas músicas, literatura, filminhos melhores ou piores, é o tema habitual. Sem fé, esperança e amor, já teríamos sucumbido. E só nos restam poucas alternativas: o suicídio coletivo para livrar o planeta da única praga que pode acabar com ele; a alienação, inclusive através das drogas e da depressão, do consumo e do selfie.
Esperança de que, algum dia, nós humanos conseguiremos lidar melhor, com o que temos de pior. Só assim, e nunca antes, o amor poderá ser proferido.